Lembre-se de quando você era jovem, como planejava a sua vida? A maioria pensava na vida profissional, grande parte vislumbrava um grande sucesso na carreira. Outros em viajar, conhecer o mundo. Alguns numa vida a dois, em casar, ter filhos e formar uma família. E uma grande parte em fazer tudo isso, conciliando a vida profissional, família e lazer.

Sobre o sonho de ter filhos, muitas pessoas decidem ao lado do companheiro ou companheira. Às vezes a mulher quer ter dois, mas o marido apenas um, por exemplo. Daí começa uma negociação entre o casal. Outros optam em não ter filhos, tudo certo. O que dificilmente a gente houve são pessoas relatando que querem ter uma família grande com quatro, cinco ou mais crianças.

O que a gente não sabe, é que às vezes acontecem coisas tão maravilhosas em nossas vidas, que nunca ousamos nem em sonhar. E foi isso que aconteceu na vida de Evelin Collet, Isis Periolo e Daiane Lanzzarini. Elas têm 3, 4 e 5 filhos respectivamente.

Aqui no blog elas dividem com vocês a experiência em ter uma família grande e como fazem para conciliar as várias funções da vida com a maternidade de muitos. Ao final a psicóloga Tatiana Andreola, especializada em gestantes e mamães, enumerou algumas dicas para famílias com muitos filhos.

Évelin Collet, 39 anos, é mãe de Victório 12 anos, Nicolly 7 anos e Valentyna 4 anos. Também tem uma enteada, a Gabrielle com 22 anos, que mora com a mãe em Curitiba.

Três filhos: Sempre amei família grande, aquela mesa cheia, pessoas animadas conversando sobre tudo nas refeições. Acreditem, mas nenhum dos três filhos foi programado. Sempre engravidei tomando anticoncepcional, acabava descobrindo quando já estava de três meses de gestação.

Rotina: Nossa rotina diária é bem agitada, os três estudam no turno da manhã e quando é 6h30 a casa já está fervendo. Costumo levantar mais cedo para me vestir, organizar as mochilas e as lancheiras. Mesmo assim saio sempre queimando o horário. Eu sempre brinco, quando é 10h da manhã já estou exausta. As crianças em si já são muito organizadas,
Me ajudam muito em tudo que podem, até porque hoje em dia somos somente nós quatro: mãe e filhos Évelin é separada do pai das crianças e também não conta com o auxílio de terceiros com os filhos ou casa.

Vida profissional: Infelizmente ainda não consigo trabalhar.
Estou sempre na corrida com os afazeres das crianças e da casa.

Vida social: São tantas atividades que confesso que faz anos que eu não sei o que é sair com as amigas e dar risadas. Tornei-me extremamente dependente deles, preciso tê-los perto. Seria absolutamente normal, mas não sei como me sentiria. Ano passado deixei de ir ao casamento de uma grande amiga em São Paulo, apenas para não ficar longe deles.

Orçamento família: Com a separação tive que reorganizar minha vida financeira e administrar os gastos com o que ganhamos de pensão alimentícia. Troquei as crianças de escola e optamos por uma Municipal. Tive que rever as prioridades. Apesar do orçamento apertado, não falta nada. Quando somos mães, criamos uma força única capaz de mover montanhas e conquistar o impossível por eles.

Disputa entre irmãos: Nem todos os dias são como nuvens de algodão doce. Eles brigam sim, se batem, puxam o cabelo um do outro e proíbem os manos de entrar no quarto. Mas acredito que é um sentimento que precisa ser colocado para fora, pois ensina a se defender, a perdoar e principalmente ter a noção de que apesar das brigas o sentimento não muda, o amor permanece igual.

Alegrias: A maior alegria é a união de todos e saber que eles são felizes. Em minha opinião não existe nada mais gostoso na vida do que ser mãe.
Eu me sinto tão abençoada com meus pedacinhos que sempre incentivo outras mulheres a serem mães ou ter mais filhos.

Isis Periolo, 41 anos, é mãe dos trigêmeos Guilherme, Helena e Gabriel 8 anos e de Luiza 4 anos.

Quatro filhos: Na verdade o desejo inicial era modesto, dois filhos era nosso plano. Não foi bem um planejamento, e sim uma sucessão de surpresas. Não conseguimos engravidar naturalmente por três anos, então partimos para inseminação artificial, que não deu certo. O próximo passo foi a fertilização. Nosso médico colocou três embriões, que nasceram 31 semanas depois, numa manhã de Natal. Estávamos construindo nossa casa conforme nossa “ideia inicial” de família. Tivemos então que demolir algumas paredes para fazer mais um quarto. Quase quatro anos depois, de forma natural, nasceu a nossa pequena Luiza. Foi um susto, e de fato não estávamos NADA preparados. Levou uns 20 dias pra entender a situação, contar a novidade pra família e iniciar nova reforma na casa. Em resumo nada foi planejado, mas tudo se encaixou perfeitamente.

Rotina: Em relação à rotina, sou extremamente rígida com meus filhos. As crianças vão dormir as 20h30, ou antes. Acordam pelas 8h30, arrumam suas camas, fazem a higiene, tomam café, finalizam as tarefas da escola iniciadas no dia anterior. Aí tem ballet, taekwondo, música. Na volta ajudam a arrumar a mesa para o almoço, já que não temos diarista nem secretária. De tarde vão para escola, na volta lancham, tomam banho, fazem o tema e brincam. O acesso à tevê e eletrônicos são controlados, tanto o tempo quanto o conteúdo. Para ajudar com tantos horários e atividades, a família tem uma planilha com os afazeres diários e as regras da casa.

Dificuldades: Manter a calma é uma delas. São zilhões daquela palavrinha que tu sempre sonhou em ouvir por dia mãe mãe mãe mãe mãe. Meio que me enlouquece em dias de chuva. Outra dificuldade é a privação do sono. Já aconteceu de todos dormirem a noite inteira, mas não é comum. Normalmente um ou dois acordam durante a noite

Alegrias: Mesmo com todas as dificuldades, as alegrias são imensuráveis. Cada olhar, gesto, abraço, beijo, os “eu te amo”, os bilhetinhos, o café estranho na cama, os sorrisos, as gargalhadas, o montinho em cima do papai. Todos os momentos fazem valer a pena. Acredito que a vantagem não é a quantidade de filhos, é a unidade familiar, é o amor que transforma todos numa família.

Vida profissional: Trabalho com meu marido, ele tem uma empresa de comunicação visual. Preciso de horários flexíveis.

Vida pessoal: Tentando retomar aos poucos. Já entendi que preciso de um tempinho pra oxigenar meu cérebro, respirar mesmo. Pretendo voltar a fazer atividades físicas, por exemplo. Minha mãe costuma passar dois a três dias por semana na nossa casa, o que me ajuda muito.

A vida do casal: Mudanças radicais no primeiro ano, mas totalmente previstas e avaliadas por nós dois. Em relação à criação e a educação das crianças, não concordamos em tudo, mas tentamos entrar num acordo para que eles não fiquem confusos. Quando queremos ficar só nos dois, conto com a ajuda da minha mãe. Saio depois de eles estarem dormindo normalmente, mas ainda não consigo ficar 100% tranquila. Tenho extrema dificuldade de desprendimento

Orçamento familiar: Não conseguimos oferecer tudo o que gostaríamos para os quatro. Sempre explicamos pra eles que nem tudo é possível (material), mas nós estamos sempre presentes. Passamos a importância do “ser” e não do “ter”. Também buscamos alternativas como a escola pública de música e a escola municipal, onde são igualmente bem preparados e acolhidos.


Daiane Lanzzarini
, 30 anos, mãe de Camilli 8 anos, Martina 4 anos e dos trigêmeos Bruno, Henrique e Mateus com 3 anos.

Cinco filhos: Fui criada numa família grande, somos seis irmãos. Adoro quando todos nos reunimos na casa da minha mãe, mas nunca pensei que eu também teria uma família tão grande. Não com cinco filhos. Meu marido é filho único, e perdeu o pai quando tinha 21 anos e a mãe logo após o nascimento da nossa primeira filha, a Camilli em 2008. Os anos passaram e decidimos ter mais um filho. Em janeiro de 2012 nasceu a Martina. Após sete meses, fui trocar o anticoncepcional, e depois disso a menstruação não desceu mais. Assustada fui fazer um exame de sangue e o resultado deu positivo. Marquei uma ecografia e surpresa, dois embriões estavam lá. Retornei 15 dias depois para repetir o exame, foi quando descobrimos que na verdade teríamos trigêmeos.

Meu marido Camillo Conti inclusive escreveu uma carta emocionante relatando como foi para nós receber essa notícia a qual divido aqui com vocês.

 

 

 

 

 

 

As mudanças com a chegada dos trigêmeos: Logo após a descoberta da minha gravidez, minha mãe Zilba começou a me ajudar, diariamente, a cuidar da Martina e com os afazeres domésticos. Como o nosso apartamento é de dois andares e eu não podia mais subir e descer escadas em função da gestação, nós tivemos que nos mudar, e conseguimos uma casa ao lado da minha família. E assim, eu tive toda a ajuda que meu pai, minha mãe e meus irmãos puderam me dar. Os bebês nasceram bem, de 36 semanas e não precisaram ficar no hospital, foram todos para casa comigo. Quando eles tinham 2 anos e 2 meses de vida decidimos voltar para nosso apartamento e assumir, sozinhos, os cuidados dos nossos filhos. Além da ajuda da minha família, principalmente da minha mãe e da minha irmã Loiva, tenho a Carol, babá deles há dois anos.

A rotina: Esse ano, meus meninos começaram a vida escolar e estão amando. Assim, fico com todos eles pela manhã. Nessa hora, meu marido e eu dividimos as tarefas com eles e os afazeres domésticos. À tarde, todos vão para a escola. Eu vou para o salão de beleza aonde trabalho e o meu marido para o trabalho dele. Ao final da tarde, meu marido busca as crianças e a babá fica com eles até chegarmos em casa. A confusão é meio que geral aqui. Há brinquedos em todas as peças da casa, risadinhas abafadas, gritinhos, briga por brinquedos, quatro mamadeiras para fazer, cinco banhos para dar. Mas há muitos abraços, muitos beijos e muitos eu te amo. O trabalho é grande, mas eu não trocaria esse trabalho por nada no mundo. Não há nada no mundo que nos deixe mais felizes do que a segurança e o amor de uma família.

A vida do casal: Eventualmente recorro à minha mãe, para podermos ter uns momentos de casal e aproveitarmos um pouquinho nós dois.

Orçamento familiar: Agora, não gastamos mais tanto com fralda, só usam durante a noite, mas gastamos com escola, material, uniforme, lanche.

Dicas da psicóloga e mãe Tatiana Andreola, que é especializada em gestantes e mamães, para famílias com muitos filhos:

  1. Rotinas e regras muito claras com os filhos devem ser seguidas;
  2. Organização e planejamento das atividades de escola, casa, amigos, etc;
  3. Dedicar um tempo para cada filho em particular é essencial;
  4. Assim como ter um tempo com todos juntos é fundamental para o desenvolvimento do senso de convívio familiar;
  5. Dedicar um tempo para o casal, isso solidifica a família;
  6. Dedicar um tempo para si mesma, poder se sentir mulher novamente;
  7. A retomada da vida profissional, também ajuda a revitalizar a relação intensa da mãe de muitos filhos;
  8. Assim como o reencontro com as amigas, para boas risadas e trocas de experiência, ajudam a fortalecê-la.

 

Texto da jornalista Chris Finger: mãe da Louise (4 anos) e da Lis (2 anos)

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