A Lis nasceu num domingo, de praticamente 39 semanas. Era 1° de junho de 2014. A Louise ainda era um bebê, tinha apenas 1 ano e 9 meses. Confesso que eu não estava preparada para um segundo filho. Mas nunca imaginei que eu sofreria tanto, poxa eu já era mãe…. E me achava tão bem resolvida como tal, sem grilos e neuras.
O nascimento da Lis correu tudo bem. Apenas baixou um pouco a minha pressão, a anestesista teve que controlar a sedação, eu me senti um pouco mal. Na hora da recuperação continuei a me sentir estranha, mas ainda com as pernas anestesiadas, me deram a bebezinha para amamentar. Fui para o quarto, comecei a receber visita, e voltei a ficar ruim. Aquela noite foi horrível, a Lis chorou muito, eu achava que era fome, mas as enfermeiras me diziam que não. Eu me sentia triste, angustiada, não sabia o que fazer.


Enfim, na segunda feira fomos para casa. Não lembro muito da Louise nesses dias, muito menos do meu marido ou das outras pessoas. Minha atenção era toda voltada para Lis. Minha vida se resumia a amamentá-la e acalmá-la. Ela quase não dormia. Se debatia o tempo todo. Eu fazia de tudo, levava no reiki, na igreja, na benzedeira, no pediatra. Nada adiantava. Era um bebê complicado. E eu uma mãe insegura. Não conseguia dividir a responsabilidade de cuidar dela com outras pessoas. Não confiava em ninguém.


Me lembro que na quarta-feira à noite, três dias após o nascimento da Lis, eu tremia com ela no colo. Não sei ao certo o que era aquilo. Talvez medo, ansiedade. Apenas eu dizia para o meu marido que eu não estava bem. Que eu precisava de ajuda. No dia seguinte liguei para a minha amiga e psicóloga Tatiana Andreola que começou a me atender em casa. Eu chorava muito. Tinha vontade de sumir. À noite, enquanto ninava a Lis, pensava na época em que eu era apenas filha e sentia muita falta daquela fase. Pensava porque eu tinha optado em ter filhos, porque eu era mãe…. Me arrependia todas as noites em claro por ter engravidado da Lis, principalmente. Já que a Louise havia sido uma criança tranquila, sem cólica, e dormia a noite inteira.


Talvez pela culpa de pensar tudo isso, eu não conseguia me desgrudar da Lis. Apenas para tomar banho. Mesmo não conseguindo pregar o olho à noite, durante o dia não largava a bebezinha. Fazia tudo com ela e ainda tentava passar algumas horas com a Louise, para compensar a minha ausência à noite.


Quando a Lis tinha uns 6 meses, num domingo de sol, acordei e me senti muito mal. Não conseguia ficar de pé, meus olhos não se mantinham abertos. Meu peito doía profundamente. As mãos e os braços estavam enformigados. Pedi ajuda para o meu esposo, que queria me levar para o hospital, mas eu achava que não precisava. Mas a coisa foi piorando, eu fui ficando pior e pior e no final do dia não teve jeito, tive que ir ao hospital. Fiquei dois dias hospitalizadas. O que eu precisava era dormir. E o meu maior medo era simplesmente voltar para casa. Voltar para aquela rotina enlouquecedora, sem ter hora para dormir, comer, olhar para mim, simplesmente tomar um banho, um café, conversar com as amigas.

No hospital a minha amiga, psiquiatra e mãe Luciana Reolon foi me ver. Lembro-me como se fosse hoje ela me aconselhando: você precisa acordar, tomar teu café, fazer teus horários, precisa dormir. Puxou o meu marido e pediu que ele me ajudasse, com a casa e com as meninas. E me receitou duas medicações, uma para dormir (que eu já consegui parar de tomar) e outra para ansiedade (que eu ainda tomo).
Aos poucos as coisas foram melhorando. A terapia, medicação e ajuda do marido e dos amigos amenizaram aquela angústia. Também percebi que passei por um tipo de depressão no nascimento da Louise, mas ao contrário, uma espécie de euforia, que em breve conto em outro post.

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