Você acha que minhas filhas são mal educadas e eu aprovo isso? Não, é claro que não. Eu, o pai delas, a babá, as professoras e todo o universo diariamente procura ensiná-las a respeitar o próximo, se portar no restaurante, nunca brigar com os amigos e muito menos se jogar no chão e fazer escândalo.

Educar um filho não é tarefa fácil. Colocamos em prática algumas atitudes para tentar chegar perto. Em casa estipulamos as regras da boa convivência, antes de chegar num local público, festa ou casa de um amigo explicamos como devem se portar, lemos livros educativos, convivemos com elas e procuramos dar o exemplo.

Tudo isso, mesmo assim, com todo o esforço, elas ainda nos desafiam, às vezes batem nos amigos e gritam na hora do almoço. É claro, que na maioria do tempo, são queridas, amáveis e fáceis de lidar. Mas esses rompantes que elas têm é o que faz a sociedade tanto nos julgar.

Há alguns dias fomos num Chá de fraldas. Elas e eu, já que normalmente nesse tipo de comemoração homens ficam de fora. Daí já viu, longe do pai e exclusivamente com a mãe elas se comportam infinitamente pior.

Mesmo diante dos meus apelos, negociações e até ameaças a Louise de 4 anos tem mais dificuldades (no plural mesmo) de obedecer e de se comportar. Lá pelas tantas ela foi na mesa dos refrigerantes e tomou no bico. Minhas amigas, que tem filhos, riram do ocorrido. Ao mesmo tempo olhei pro lado e duas moças se cutucavam e cochichavam do acontecimento, com olhar de reprovação. Educadamente apenas as observei e fiquei calada. A vontade que eu tinha era de me transformar na mãe leoa e rugir para elas.

A Lis, de dois anos, também tem seus momentos de fúria. Recentemente fomos a uma exposição de quadros, eu não tinha com quem deixar as meninas e queria muito prestigiar a artista e as levei comigo. Que erro o meu! Era noite, elas estavam cansadas e com fome. A Lis queria assistir um filme em meu celular, mas eu não conseguia encontrar. A pequena menina se transformou, se jogou no chão, começou a se debater e gritar. Uma moça que passava por nós ao invés de oferecer ajuda, nos olhou com cara de reprovação e até virou os olhos. Pensa só como eu me senti. Com raiva e impotente.

Sim, minhas filhas são mal educadas e eu não aprovo isso. Me esforço para torná-las pessoas melhores e a se comportar, um dia eu chegarei lá. Até isso não acontecer por favor não me olhe com desprezo e não me julgue.

Chris Finger é jornalista, mãe da Lis (2 anos) e da Louise (4 anos)

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